Aos 6 anos, o sonho de Jotta A era ser cantor. Se inscreveu no programa de calouros de Raul Gil e torceu para ser chamado. Aos 12, cantou na TV pela primeira vez. “Na adolescência, adorava acompanhar o programa e decidi me inscrever. Eu tinha só 12 anos quando entoei ‘Hallelujah’ naquele palco pela primeira vez, sob o nome artístico Jotta A, chamando a atenção de gravadoras e produtores musicais”, relembra: “Um deles foi o canadense David Foster, que já havia trabalhado com nomes de grife como Michael Jackson, e que desejava me levar para os Estados Unidos. Meus pais tinham receio e, como meus responsáveis legais, não permitiram, então assinei contrato com uma gravadora de música gospel”
Foi como José Antonio que Ella concorreu ao Grammy Latino, ganhou discos de ouro e platina e foi morar na Colômbia. Época em que fazia 15 shows por mês e parecia estar num processo autodestrutivo. “A rotina pesada de apresentações me levou a experimentar álcool e drogas, escandalizando meu meio musical pela primeira vez”, revela.
A vida pessoal, tendo de esconder quem realmente era. Isso somado ao estresse da profissão fizeram Ella repensar tudo.
“No auge da minha carreira, voltei ao Brasil e decidi largar tudo, apesar do medo do preconceito e da religião, que trata a homossexualidade como pecado. Abandonei a igreja e me assumi gay em 2021, deixando meu público, fervorosamente evangélico, assustado. Mas foi justamente fora dessa comunidade que me descobri completamente, revelando minha transexualidade no ano seguinte. A transição me fez perder amigos, ser atacada na internet diariamente, mas tenho a sorte de ter minha família, mesmo surpresa com tantas mudanças, ao meu lado”, justifica.
Ella acaba de lançar um álbum pop e ainda pensa como teria sido a vida se a proposta do produtor canadense tivesse sido aceita pelos pais. “Ainda penso em como poderia ter sido minha vida caso tivesse aceitado aquela chance — talvez não tivesse demorado tanto para eu me entender como a mulher transexual que sou. Recentemente, assumi minha verdadeira identidade, com direito a retificação oficial de meus documentos: Ella Viana de Holanda”, avalia ela, que quer uma nova chance no cenário musical. Sendo Ella mesma: “Talento não depende de gênero”.
FONTE: EXTRA
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